sábado, 10 de janeiro de 2009

Capítulo 2

O rangido do piso de madeira teimava em provocar Monstrela. A cada passo, surpreendia-se com uma lagartixa esmagada no chão. Era óbvio que as coisas haviam mudado por ali.Sem entender a transformação do ambiente, ela continua a se deslocar.
Não havia sangue, nenhum sinal de tortura. Apenas um mórbido silêncio esculpido pelos seres disformes e encapuzados que se escondiam pelo cômodo. De repente, uma força se apodera de seu corpo. Ouve-se um relincho. Num riso frenético e alucinado, Monstrela chacoalha as bochechas.
Você não entende o que aconteceu, mas não se importa. Despe-se dos chinelos amarelos. Alonga a coluna e exprime, sem o menor pudor, toda a fúria de seus antepassados. Uma chuva de ovos de codorna se espatifa ao seu redor.
Monstrela já não tem mais esperanças.

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