sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Capítulo 11

A primeira era vermelha, a segunda verde. Minha mãe deixou as iniciais em cada uma, pra não ter perigo que roubassem. Quando entrei estavam todas no aparador da janela, e agora não consigo mais achá-las. O que vou dizer quando voltarem? Droga!

O chuveiro está aberto e Monstrela tem medo de se atrasar. Um zumbido persistente atrapalha sua busca. Irritada, esmaga-o com o chinelo amarelo. Trouxe consigo um bloco de notas. Prepara-se para escrever tudo que vê: “vinte e sete lagartixas, 42 velas acesas, uma almofada peluda, sete cadeiras, uma mesa...”. Os vizinhos esmurram a porta da frente. Há uma gritaria intensa no jardim. Apressa-se para terminar as contas e foge escadaria à cima.

Você está lá, e não diz uma palavra. Observa atenciosamente os músculos da garota se contraírem, involuntários. Tudo está ao seu gosto: leve e perfumado. Sente que a cabeça se dilata. Movimentos automáticos. Você se diverte com as cócegas, mas o corpo não se mexe. Monstrela ainda está com fome, então repete todo o ritual. Esfrega as palmas das mãos, estrala os dedos e, misteriosamente, espera que alguém a sirva.

Meus olhos continuam parados, decorando cada gesto. Reparo como as pernas estão fortes. E receio que ela já não me ame mais. Ofereço um pacote de bolachas e a assisto comer. Desato as amarras dos punhos e abro as janelas. O sol está ardendo.

Monstrela já não tem mais esperanças.

4 comentários:

  1. Olha isso, aos poucos as peças do quebra cabeça se juntam??

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  2. Muito comprido. Tenho preguiça de ler tudo.
    Acho que o último texto tá meio ruim. O capítuo 9 foi o melhor.

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  3. ESSA MONSTRELA NÃO TEVE GRAÇA QUE NEM AS OUTRAS. VOLTA A ESCREVER DIREITO!

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  4. Pronto! Tem uma Monstrela nova lá, acho que ficou melhor que esta. Divirtam-se!

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